Horta and Pim Bays - Fayal Chanel (1843). A. Thomas, E. Vidal
Context
Masterplan
Circulation
Access
Naval Club
"Campo de Mar"
REQUALIFICATION FOR THE CITY OF HORTA WATERFRONT | HORTA- FAIAL ISLAND | PORTUGAL | 2012-2013
5th Price – Special Mention
with Paulo David and Adão da Fonseca engeneers
(a hipnótica constelação dos vulcões)
Na aproximação Marítima, ou mesmo Aérea, o grupo de ilhas central dos Açores surge como um grupo de cones vulcânicos emergentes do Oceano, que orbitam numa espécie de tensão entre si. A relativa proximidade entre as massas vulcânicas faz com que, fora os recorrentes períodos de nevoeiros, neblinas e chuvas, algumas ilhas se avistem entre si e confirmem a consciência da ‘constelação’ de vulcões que o arquipélago constitui. À permanência e estabilidade que a emersão do Oceano confere (a temperatura pouco varia nos anos, nas estações e nos dias, bem como a humidade relativa), opõe-se a certeza da imprevisível Tempestade que vem do Pólo Norte ou do Trópico, ou da poderosa convulsão dos Vulcões que ficticiamente parecem flutuar neste imenso território líquido Oceânico.
A cidade da Horta, que se instala entre o Vulcão e o Oceano numa borda estreita e côncava, parece surgir desta lógica ‘hipnótica’ de permanente contemplação do Vulcão do Pico. Distante de apenas oito quilómetros do bordo do outro Vulcão (a Madalena), à distância de quase vinte quilómetros ao Pico (a imensa caldeira do vulcão a 7600m de altitude) parece não se diferenciar da primeira: como que uma projecção horizontal, em que a distância entre ilhas é idêntica à altura do vulcão. Esta realidade permanente parece justificar a ilusão de que a forma côncava da baía da cidade da Horta, entre o maciço da Espalamaca e do Monte Queimado se ‘encaixa’ ou ‘centra’ no vulcão do Pico. As suas ruas paralelas à baía, formaram a instalação inicial do aglomerado, ‘de costas’ ao Oceano, protegidas de ventos e viradas para dentro ou defendidas por muros e fortificações das aproximações indesejadas. As ruas perpendiculares, que descem ao Mar, surgem quando o crescimento obriga a subir para além da margem plana, pela encosta inclinada, mantendo as ligações orgânicas e práticas entre tecido interior e frente de Mar. Apenas a diagonal formada pela estrada para a Feteira, parece ignorar esta malha comprimida, alongada em paralelo ao Mar, estreita nas perpendiculares. São estas ruas que trazem para o interior do aglomerado a consciência do vulcão do Pico, omnipresente em toda a frente de Mar, essencial.
Assim se explica que a frente urbana esteja de costas voltadas ao Mar, interiorizada nos seus espaços cívicos centrados no antigo Colégio Jesuíta, oferecendo à baía um conjunto incompleto e pouco nobre quando comparado com a Frente interior. Hoje, sem perigos ou ameaças vindos de Mar, a acolhedora baía, que é destino dos muitos viajantes oceânicos, descobre o infinito potencial que o prazer de contemplar o Mar e os que chegam, e a majestosa presença hipnótica do Pico, confere aos muitos vazios dos lotes e parcelas em espera. Como se a afirmação da ‘fachada atlântica’ da cidade da Horta, se permitisse finalmente desenvolver em justo equilíbrio com a sua História, e a delicadeza dos seus edifícios civis, religiosos e militares.
(as obras marítimas e militares, e a sua restruturação)
s múltiplas representações das ilhas descrevem desde o séc. XIV, este efeito de arquipélago formado por aglomerações de vulcões no Oceano. Por outro lado quer as representações planimétricas, quer os longos alçados altimétricos descrevem a condição abrupta destas montanhas marítimas.
As silhuetas dos vulcões, dos bordos esventrados por escarpas ou suaves de praia, criam a geografia de orientação para os que se aproximam. Hoje estas representações inúteis para a navegação, mostram-nos contudo a percepção volumétrica e a experiência que nos faz identificar, reconhecer e contemplar a beleza desta topografia aquática. A margem da Vila de Orta, hoje cidade da Horta, construiu-se horizontal, marcada pelos volumes das Fortificações de N.a Sr.a da Nazaré, da Cruz dos Mortos, da Greta, de St.a Cruz, Castelo Novo, N.a Sr.a dos Remédios, e diversos troços de muralhas com as suas portas de praia e guaritas, contida entre o Monte da Guia (com a sua terrível cratera colapsada para o Mar) e o maciço alongado e aplanado da Espalamaca. Esta Frente de Mar, com os seus limites precisos e as suas portas de praia abertas na fortificação, indicam a importância do seu Porto Pim como lugar estruturado de controle e recepção de navios, enquanto na praia da baía apenas as pequenas embarcações que aí encalhavam, permitiam o desembarque. A mudança profunda faz-se com o aterro e construção do molhe que protege o Porto Comercial e de Pesca, as Marinas de Recreio perto do Forte, e mais recentemente o Porto de Cruzeiros com o seu novo molhe. A aproximação Marítima à cidade da Horta é hoje mediada pelos dois molhes principais, e pelos pequenos molhes secundários e recuados das marinas. O extenso e alongado Muro de Mar ao longo da marginal Av. 25 de Abril, não tem hoje qualquer contacto com o plano de Mar, remetendo essa relação para a cota do seu topo.
Como se poderá então re-inventar esta Margem da Cidade, que hoje é expressão de acolhimento e troca, através
dos seus portos comerciais, de pesca, de recreio e de cruzeiros? Que sentido poderá ter o passeio de Mar, hoje distante da inexistente praia. Poderemos reinventar a praia da Horta, não como espaço balnear mas como contacto franco entre a Frente da Cidade e o Mar omnipresente, enquanto condição de uma cidade cosmopolita, acolhedora, e virada para o Oceano que a contem?
PROJECT DATE 2013 (design) | CLIENT Municipality of Cidade da Horta | AREA 23 Ha
TEAM
general coordinator: João Gomes da Silva – global arquitectura paisagista
design authors: João Gomes da Silva, Catarina Raposo, Paulo David (Architecture)
team: Armando Neves Ferreira, Catarina Raposo, Joana Marques, Pedro Gusmão, Hugo Guiomar
architecture: Paulo David, João Almeida, Luis Spranger
urban planning and mobility: António Pedro Figueiredo – Espaço & Desenvolvimento – Estudos e Projectos, Lda.
economy: Gonçalo Faria
infrastructure: António Adão da Fonseca e António Pimentel Adão da Fonseca – Adão da Fonseca, Engenheiros Consultores
water and sewage: Rita Mendes – TPF Planege
environment: Daniel Moura
traffic and transportations: Marta Andrade
judicial consulting: Alfredo Soares
renderings: Paulo Alcobia